sexta-feira, 31 de agosto de 2007

citação sobre a vida fudida

"Um rosto que sofre tão perto das pedras já é ele próprio pedra. Vejo esse homem descer outra vez, com um andar pesado igual para o tormento cujo fim nunca conhecerá. Essa hora que é como uma respiração e que regressa com tanta certeza como a sua desgraça, essa hora é a da consciência. Em cada uma desses instantes em que ele abandona os cumes e se enterra a pouco e pouco nos covis dos deuses. Sisifo é superior ao seu destino. É mais forte do que o seu rochedo.
Se este mito é trágico, é porque o seu herói é consciente. Onde estaria, com defeito, a sua tortura se a cada passo a esperança de conseguir o ajudasse? O operário de hoje trabalha todos os dias da sua vida nas mesmas tarefas, e esse destino não é menos absurdo. Mas só é trágico nos raros momentos em que ele se torna consciente. Sisifo, proletário dos deuses, impotente e revoltado, conhece toda a extensão da sua miserável condição: é nela que ele pensa durante a sua descida. A clarividência que devia fazer o seu tormento consome ao mesmo tempo a sua vitoria. Não há destino que não transcenda pelo desprezo"
Camus, Albert. o mito de sisifo

domingo, 26 de agosto de 2007

um trecho do absurdo

"O mundo fornece sempre a mesma soma de experiências a dois homens que vivam o mesmo numero de anos. Compre-nos a nós termos consciência disso. Sentir a sua vida, a sua revolta, a sua liberdade e tudo isso, o mais possível"- Camus, a liberdade absurda
Este pequeno trecho representa a essência da filosofia do absurdo existencial, presentes nas obras de Albert Camus. Diferente de Sartre, onde tem-se um intenso dialogo humano sobre a analogia da existência e uma busca por sentido da vida. Camus escancará a extrema liberdade do viver absurdo, de uma forma crua e poética, ate simples, mas intensa. Até uma uma forma subjectiva, dialogando com o leitor, mostrando a essência da consciência do existir, mesmo em diversas formas sociais, desde o intelectual em busca do saber até um simples operário que tem a rotina da sobrevivência.

sábado, 25 de agosto de 2007

ilusão bonita

Aprendemos com o dia a dia, para entender nossa sensibilidade e revolta. Talvez para fazer sentido as leituras contra culturais, a poesia humana de drummond e as cronicas urbanas contemporâneas do fermando bonassi. Um misto de simples eloquência e de um sentido ao ver algo bonito mesmo em circunstancias tão trágicas, como crianças brincando em caixas de papelão, parecendo que nem são filhos de pobres catadores de papel, ainda nelas a essência da infância, que logo se perdera...

sábado, 18 de agosto de 2007

visão do altar da academia

Talvez eu esteja com o olhar cada vez mais ajustado com um sentimento de repugnância da sociedade, mas não pelo karma diário de um estranho na sociedade que acorda, e se ilude com a pseudo esperança como força. Toma um ónibus lotado para a faculdade, seguindo junto com a periferia, para seus empregos, para suas ocupações desde trabalhos formais, pedir nas ruas, assaltar, estudar. Todos indo sobreviver, cada um a seu modo. Mas o que me deixa triste que essa realidade é algo que se contrasta com o que a classe media alta vive, e quem esta no meio académico publico e vem da periferia fica chocado com a eletização do conhecimento Doutores filhos da puta que ganham 4 mil reais para ensinar o pensamento cheio de regras da falída academia, que separam a realidade ao redor e a transformam em mero objecto. Tudo é método, pensar e reflectir só com bases cientificas. Arte é pra elite não pode ser analisada como algo social e por ai vai as merdas desses doutores filhos da puta.
Não sou como eles, nem como os alunos que ajudam a fortalecer esse modo de ensino. Só sou um tosco que aprendeu sozinho, que vem de uma família operaria, criada por uma dona de casa que tem a quarta série.
Eu quero que a academia elitista se afogue em seus vômito de conhecimentos e regras, que se auto decomponha com os gazes inalados de seus dejectos....

domingo, 12 de agosto de 2007

definições após um dia duro

De certa forma o Klaus tem razão, em um desabafo sobre as preocupações de um ser humano.
-Cara eu me preocupo se eu vou receber meu salário em dia, e pagar as minhas contas. Me preocupo com as condições precárias da saúde pública, e se vou poder cumprir meu dever de médico e ajudar os meus pacientes, a maioria pobre. Me preocupo com a violência do estado, representada por uma polícia despreparada e violenta, e também com a violência social que é um reflexo da nossa desigual sociedade. Tenho medo da ignorância humana... E fico triste com o aumento da pseudo-indignação da classe média alta, que beira um discurso de direita, discurso que camufla sua própria ignorância, pois o que faram com os filhos nobres da sua própria classe que matam prostitutas, espancam pretos e pobres?
Após um dia duro, leituras de manchetes de jornais, e olhando a vida ao redor sinto todo o pessimismo e uma busca de forças para suportar.