sexta-feira, 23 de maio de 2008


É bonito passar um dia de céu azul, hardcore, e amigos. A comida vegan estava ótima, as conversas sobre assuntos dos mais variados desde sobre futebol até formas de ter metas estranhas na vida como catar clipes no chão, só ficar no quarto lendo após um dia de trabalho alienante. Os shows foram legais, apesar do calor no porão do balarama fazer a pressão baixar, não desanimou a empolgação. Destaco os shows do Condictio, e do Ecoresistencia, que tem os mesmos integrantes trocando o vocal e o tipo de som, na primeira temos uma influência forte de Fugazi, Dag Nast, Embrace. Já o Ecoresistencia tem uma linha mais hardcore old school sxe, com uma forte influência de Earth Crisis, com direito a uma ótima cover deles. Mas o que me chamou nos integrantes era o fato deles serem da periferia de São Paulo e negros. Fiquei feliz ao ver suas formas de resistência, sua luta contra o preconceito, defesa animal e humana. O hardcore não é feito de poses e meninos brancos revoltados, a sua origem é de choque e questionamento, e todos podem fazer barulho sincero e não para ser o 'revoltado de shoping".

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Falar toda a baboseira sobre metas futuras depois de formado, e se mostrar confiante para sua família. Mas la no fundo da alma, onde reside tudo que esta a par da vida imposta por esse ciclo de instituições que temos que suportar e viver, eu tenho outros sonhos. Os quais não tem haver com a morte dos desejos bons, ou dos olhares tristes ao se deparar com ónibus cheios, como comboios de bois indo pra morte diária, pois me parece que a cada dia perdemos uma parte da beleza que poderíamos ter. Trocamos isso tudo por conveniência, fantasias e necessidades...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

hostilidades gratuitas em um ónibus da periferia, num domingo ensolarado, feitas por seres humanos que como eu sustentam a "máquina". Juntos alimentamos a vida gloriosa dos seus dirigentes, fortalecendo suas riquezas e seu mundo de felicidade, e somos bombardeados pela TV e mídia a sermos como eles, e lutar para não morrer pobres... mais uma tatica de alienação...
A vida não tem sentido e temos que preenche-la com nossos sacrifícios, pagando 72 prestações do carro, trocar de celular a cada 6 meses, comprar as roupas para esposa se sentir gostosa e sensual, mesmo beirando os 40 anos e se sentir como as musas da TV, e os filhos serem descolados e vencedores para serem os futuros lindos e sorridentes da humanidade.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

um dia em sp


Surreal no meio da Av. Paulista, num dia de céu azul que ate trazia uma doce ilusão de que a cidade São Paulo não era o caos de poluição e o misto de sonho e pesadelo, encontrar um rapaz vendendo um jornal do projecto "Ocas". Ele me parou e me disse que via que eu gostava de arte e hardcore, e tinha um jeito diferente. Conversamos sobre arte, e punk rock, e veio uma pergunta dele que me marcou -Cara vc gosta de Discharge?. Meus olhos brilharam, pois Discharge é uma das minhas banda predilectas de punk hardcore inglês dos anos 80, fruto de toda desilusão e fúria daquela década. Dois humanos no meio da cidade mais louca, rica e miserável do Brasil, falando sobre arte, resistência e punk rock, essa é uma das coisas que me deixam feliz e traz um pouco de sentido pra mim. O rapaz mora num quarto na liberdade, tem bicos de ator e artista plástico, passou fome até, mas ainda sonha. "-Você é diferente e vê o mundo além do comodismo" olhando para mim disse essa frase que me fez sorrir de uma forma que havia muito tempo que não ocorria. Coisas assim que nos deixam felizes, pois podem nos salvar da mesmice dos dias atrás de ónibus cheios, notas boas, o salário de todo mês, e a falta de lirismo.
A cada dia tento me salvar, de toda a angustia acumulada durante todos esses anos, tentando ser alguém e não um idiota.